Todavia, ainda persiste algo que precisamos acrescentar ao que dissemos acima, quanto ao assunto de nosso andar em Cristo. Esse verbo "andar" tem, como pode parecer óbvio, outro sentido adicional. É palavra que significa primordialmente conduta, ou comportamento, mas também contém a idéia de progresso. "Andar" é "prosseguir", "continuar seguindo", pelo que gostaríamos de elaborar um pouco mais essa questão de nossa jornada na direção de um objetivo.
"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porque os dias sãos maus. Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor" (5:15-17).
Você vai notar que nos versículos acima existe uma associação entre a idéia de tempo e a diferença entre sabedoria e insensatez. "Andais... como sábios, remindo o tempo... não sejais insensatos." Isto é deveras importante.
Há muitas passagens nas Escrituras que nos garantem que o que Deus iniciou Ele vai terminar. O nosso Salvador é o Salvador máximo. Nenhum crente se salvará "pela metade", ainda que esta expressão possa hoje ser usada a nosso respeito, em algum sentido. Deus vai aperfeiçoar todo e qualquer ser humano que nele depositou sua fé.
É nisto que cremos, e temos que manter em mente essa doutrina como o contexto daquilo que vamos dizer a seguir. Oremos firmemente, juntamente com Paulo, que "aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Cristo Jesus"
(Filipenses 1:6).
Não há limites para o poder de Deus. Ele é capaz e "poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória" (Judas 24; e veja ainda 2 Timóteo 1:12; Efésios 3:20).
Entretanto, é quando nos voltamos para o aspecto objetivo desta questão — para sua realização prática em nossas vidas, aqui e agora, na terra — que nos defrontamos com a faceta do tempo. Em Apocalipse 14 há as primícias (v. 4) e há a colheita (v. 15). Qual é a diferença entre primícias e colheita? Certamente a diferença não está na qualidade, porque os frutos todos são da mesma época e mesmo local. A diferença está apenas no momento em que amadurecem no campo. Alguns frutos atingem a maturidade antes dos demais e por isso se tornam as "primícias".
Minha cidade natal, Fuquiem, é famosa pelas suas laranjas. Eu diria (e duvido que esteja sendo vítima de bairrismo preconceituoso) que dificilmente existem laranjas semelhantes a essas no mundo todo. Quando você contempla as colinas, no início da estação própria das laranjas, todas as árvores estão verdes. Mas se você olhar com muito cuidado conseguirá detectar, espalhadas aqui e ali, laranjas douradas que brilham ao sol. É uma vista maravilhosa aquelas imensas filas de laranjeiras verdes, salpicadas de uns pontos dourados, as laranjas maduras que vão aparecendo. É quando as primícias são colhidas. Logo depois todas as árvores estarão cobertas de ouro: as laranjas maduras recobrem os campos. Mas só os primeiros frutos foram cuidadosamente colhidos a mão, e alcançam os maiores preços no mercado, com freqüência três vezes o preço normal da colheita.
Todos os crentes atingirão a maturidade, de certa forma. Mas o Cordeiro de Deus procura as primícias. Deus precisa dar um jeito em nós, depressa! O tempo passa rapidamente. Mas Deus tem que operar em nós. Que nosso coração possa ser iluminado de modo que saibamos "qual seja a esperança da sua vocação", e a seguir, que possamos caminhar — na verdade, correr — como crentes que sabem "qual seja a vontade do Senhor" (1:18; 5:17). O Senhor sempre se agra dou de almas desesperadas.
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