Como é pobre o conceito que a maioria das pessoas tem a respeito do casamento — uma instituição desacreditada e falida. Essa opinião está difundida por todas as partes. Desde cedo, nossas crianças e jovens são orientados, pelos meios de comunicação, de que o casamento não tem que durar a vida toda nem consegue se conservar por tanto tempo. Quanto à duração do casamento, afirmam que deve variar de acordo com o quanto cada um pode dar. Seria como uma laranja: as maiores, as que têm mais sumo, podem produzir mais suco do que as que têm menos. Depois de extraído todo o sumo, joga-se fora o bagaço. Muitos veem o casamento dessa forma; acham que, depois de um tempo, ele já não tem sumo.
O compromisso dos casais que se unem em matrimônio deveria ser o de manter o casamento a todo custo. Poucos querem pagar o preço para continuar casados dentro de um ambiente de conflitos e de dificuldades. Ao contrário de “jogar tudo para cima” e abandonar o relacionamento, os cônjuges deveriam buscar um caminho para mudar a situação. Os que se casam e cultivam a ideia de que permanecerão casados somente enquanto os dias do casamento forem dourados estão, sem saber, construindo dia a dia uma porta de emergência pela qual podem escapar na hora da pane. Se temos o ponto de vista de permanecer casados apenas enquanto paire uma esfera de “lua-de-mel”, isso significa que nos envolvemos com o cônjuge já com predisposição para separação. O mais triste é que, prevalecendo esse pensamento, realmente vai haver separação, pois um relacionamento, por mais brilhante, mais estruturado que seja, cedo ou tarde apresentará suas tensões e dificuldades.
O casamento pode ser comparado à lua e suas fases: há momentos cheios, luminosos, novos e crescentes, mas há momentos escuros com períodos minguantes. Nos momentos plenos, em que tudo está bem, devemos desfrutar ao máximo os momentos prazerosos e agradecer a Deus por tê-los proporcionado a nós. Na fase minguante, marcada por desentendimento, crise financeira, mal-entendidos e decepções, aproveitemos a situação para dela extrair lições e agradecer a Deus por também nos ter proporcionado tais circunstâncias para revelar a natureza de nosso caráter: impuro, lascivo, vaidoso, perdulário, ciumento, iracundo, invejoso, orgulhoso, egoísta, sem afeição natural e sem misericórdia. Se observarmos com cuidado a origem de nossos problemas conjugais, descobriremos que ele tem como elemento causador algum desses traços negativos que ainda reinam em nosso ser.
A fase minguante deveria equivaler ao momento reservado para orar, esperar e perseverar, não para provar quem está certo e quem está errado. O que fazem as pessoas quando seus filhos não estão tão obedientes? Será que os jogam fora, ou entregam para outro cuidar, ou investem como nunca, com a esperança de que voltem à normalidade? Se nossa postura é sempre positiva com relação aos filhos, então, por que somos tão radicais com relação às dificuldades que enfrentamos no casamento? Por que permitir que pensamentos de separação se desenvolvam dentro de nós? Se a convivência não anda bem, não é o caso de invocar Aquele que instituiu o casamento e apresentar-Lhe os problemas (Salmo 130:1-6)?
Em momentos delicados da vida conjugal não pode haver juízes, e sim médicos; não pode haver promotores, e sim advogados. Cada um deve reconhecer suas próprias faltas e pedir perdão; deve considerar as deficiências do cônjuge e perdoar. Se, em vez de procurar o culpado no casamento, procurarmos o Senhor Jesus, certamente Ele vai dar uma virada em nossa situação e permitirá que a “lua cheia” da vida conjugal volte novamente.
“Não vos lembreis das cousas passadas, nem considereis as antigas. Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo” (Isaías 43:18-19).
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