“Mediu ainda outros mil, e era já um rio que eu não podia atravessar, porque as águas tinham crescido, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar” (Ezequiel 47:5). “Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres” (João 21:18).
Refletindo sobre esses versículos, é interessante observar o que o Senhor fez em Ezequiel 47. O crescimento das águas do rio representa o fluir da vida de Deus nos restringindo. Os diferentes níveis da água são as experiências que temos com Deus em diversas fases de nossa vida cristã.
Os versículos 3 e 4 deixam claro que, quando a água ainda dava pelos tornozelos, depois pelos joelhos e lombos, o Senhor fez Ezequiel passar. Nos níveis inicial e intermediário, foi o Senhor quem o fez passar. Ezequiel não fez isso espontaneamente: o Senhor o fez passar. Isso mostra que Ezequiel estava atendendo o falar de Deus quando passou pelas águas na altura de seus tornozelos, joelhos e lombos. Por três vezes o Senhor lhe repetiu a mesma ordem, e ele obedeceu.
Quando as águas, porém, no nível mais alto, se tornaram um rio, o Senhor não o fez passar. Por ter obedecido a Deus nas experiências anteriores, o primeiro impulso de Ezequiel foi atravessar o rio. Naquele momento percebeu que não podia atravessá-lo, a não ser a nado. Mas dessa vez o Senhor não o mandou passar nem nadar. O que Deus queria então?
Em João 21, vemos que, no nível mais elevado do crescimento da vida divina — apontando para a maturidade —, a vontade de Deus era que Pedro se deixasse ser levado por outrem. Isso é bem significativo.
Cada experiência que temos com Deus é nova. Precisamos discernir em que fase estamos, que nível ocupamos hoje. Em algumas situações, Ele nos faz avançar com ousadia, vencendo as dificuldades. Em outras, quer que sejamos apenas levados pelo fluir. Isso requer nossa atenção ao comando, à ordem, à Palavra de Deus. Não podemos adotar como padrão de comportamento aquilo que já conhecemos. Precisamos da presente verdade para estar atualizados e alinhados com a vontade de Deus nesta era (2 Pedro 1:12). Caso contrário, apenas seguimos o impulso de “nadar” para “atravessar o rio”, ou seja, usamos nosso próprio esforço para fazer aquilo que supomos ser a vontade Deus, quando o que Ele deseja é nos levar em Seu fluir.
Não tomemos por parâmetro nosso passado espiritual, mas sejamos sensíveis à unção do Espírito em cada situação. Assim podemos ser renovados dia a dia e conhecer mais o Senhor! Quando alcançamos a maturidade na vida divina, deixamo-nos ser levados por Ele em Seu doce fluir, para cumprir toda a Sua vontade. Amém!
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