"A
graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de
Cristo. (...) E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para
profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com
vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço,
para a edificação do Corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade
da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade,
a medida da estatura da plenitude de Cristo" (Efésios 4-7, 11-43).
"A
manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim
proveitoso. Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da
sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do
conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo
Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro,
profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de
línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las. Mas um só e o mesmo
Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a
cada um, individualmente (1 Coríntios 12.7-11).
"O
que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza
edifica a igreja. Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas;
muito mais, porém, que profetizásseis; pois quem profetiza é superior ao
que fala em outras línguas, salvo se as interpretar, para que a igreja
receba edificação" (1 Coríntios 14:4, 5).
"Não
que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se
partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual
nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra,
mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica" (2
Coríntios 3.5, 6).
"Tendo
este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não
desfalecemos (...) Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para
que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos
atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados;
perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos;
levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a Sua vida se
manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre
entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se
manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte,
mas, em vós, a vida" (2 Coríntios 4.1, 7-12).
Se
não virmos o propósito eterno de Deus, nunca veremos qual é a obra de
Deus. A obra inteira de Deus deve ser feita na Igreja e através da
Igreja. Tal obra tem como alvo formar e edificar o Corpo de Cristo; esta
obra deve ser feita por todo o Corpo e não apenas por indivíduos ou
missões isoladas ou por atuações independentes da Igreja. Tal obra da
Igreja deve vir inteiramente de Deus e ser para Seu Filho.
Para
sermos co-obreiros com Deus devemos ter revelação, caso contrário não
estaremos trabalhando em Seu propósito eterno e para Seu propósito
eterno. O início de toda a obra para Deus é uma entrega e oferta de nós
mesmos que aconteça como resultado da revelação. A razão pela qual é
necessário que se tenha revelação é porque a luz de Deus mata tudo o que
não vem Dele, tudo o que vem do homem. Quando a revelação chega,
descobrimos que não há alternativa nem outro caminho para seguir. Ou
seguimos este caminho ou morremos.
DUAS FORMAS DE EDIFICAR O CORPO
Como
podemos ser co-obreiros com Deus e edificar o Corpo? Se nossa obra é
apenas salvar pessoas, o obreiro que estiver fazendo isso vai dar a
impressão de estar realizando algo importante. Em certo sentido, vai
parecer que é uma obra para o homem. Mas se nossa obra tem como
propósito edificar o Corpo, então o homem está completamente cortado;
porque o Corpo é Cristo. Tudo é para Cristo e, portanto, nada do homem
pode entrar.
Em
1 Coríntios 12 temos o registro dos muitos dons do Espírito, e Paulo
enfatiza tanto as palavras quanto os atos. Mas em 2 Coríntios 4 só temos
atos. Existem duas formas diferentes de edificar a Igreja. Na verdade,
qual é o valor desses dons do espírito na edificação da Igreja? O que é
esse valor comparado ao valor da vida no Espírito? Paulo, em 2
Coríntios, capítulos 3 a 10, enfatiza o que é o ministério da nova
aliança. Esse ministério não está nos dons, mas na suprema grandeza do
tesouro contido no vaso de barro, isto é, Cristo dentro dele.
Em
2 Coríntios lemos: "Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que
também a Sua vida se manifeste em nosso corpo. (...) De modo que, em
nós, opera a morte, mas, em vós, a vida" (4.10, 12). Isso é totalmente
diferente de Romanos 6, pois a idéia aqui é da contínua operação da
morte. A morte de Cristo opera e continua operando dia a dia em nós,
resultando na vida que flui para os outros. Assim a Igreja é edificada.
Aqui
também temos duas maneiras pelas quais a Igreja é edificada: (a) em 1
Coríntios 12, pelos dons do Espírito; e (b) em 2 Coríntios 4, pela
operação da morte em nós, para que a vida possa operar nos outros.
Qual
das duas mais tem edificado você? Sua vida interior tem sido edificada
mais pelos dons do Espírito ou por aqueles que você sabe que conhecem a
aplicação da cruz na vida interior e levam sempre neles o morrer de
Jesus para que a vida de Jesus seja manifestada? Isso é carregar a cruz.
Que a morte nunca cesse de operar em você e em mim, para que também a
vida nunca cesse de fluir para os outros.
Vemos
pessoas ricas no uso dos dons: dom de cura, dom de expulsar demônios,
dom de eloqüência ou de falar em línguas. E pensamos no quão ricas,
abençoadas e usadas por Deus são tais pessoas. Mas isso é realmente
assim? Estes são os dons da meninice. Eles são para o estágio de bebê,
útil e necessário para aquele período, mas devemos crescer.
O
que realmente edifica e mais ajuda não são os dons ou eloqüência
daqueles que os possuem, mas a vida daqueles que conhecem profundamente a
cruz, que a conhecem no íntimo e diariamente, e com os quais entramos
em contato. Tome, por exemplo, um grupo de cristãos recém-salvos. Nos
primeiros anos o Senhor pode lhes conceder dons, para que fiquem
maravilhados com Seu poder e glória, e para fortalecer sua fraca fé. Mas
uma vez que ela esteja suficientemente forte, Ele removerá os dons e
trará a cruz. Existem graves perigos associados com os dons, e o maior
deles é o orgulho espiritual. Alguém pode se levantar no Espírito (isto
é, o Espírito derramado[1]) e pronunciar umas poucas frases maravilhosas
que ninguém mais pode pronunciar. Então, ele pensa: "Sou mesmo
importante!". Todavia, sua vida interior pode ser infantil comparada com
outro crente que não tem os dons, mas conhece profundamente a cruz.
Deus
concede soberanamente os dons a alguém aqui e ali para que possam
servir como Seus porta-vozes por algum tempo, pois neste período nada
mais será entendido porque são bebês, e Ele não tem como encontrar-nos
em outro nível qualquer. Na verdade, Ele usará qualquer boca, até mesmo a
de um jumento. Mas este é um ministério limitado, do tipo
"jardim-de-infância", e é propenso à vaidade.
O
que Deus realmente quer e está aguardando e trabalhando para obter
somos nós, os vasos nos quais as palavras dadas por Ele para as
expressarmos sejam tomadas por Seu Espírito e entretecidas no mais
íntimo do nosso ser pela cruz, até se tornarem nossa vida; somente então
nosso ministério será de vida, vida que flui sempre da morte que opera
em nós continuamente. Sendo assim, todos os que confiam nos dons são
tolos, porque estes dons não mudam o homem interior. Uma igreja que
procura se edificar por meio dos dons sempre acabará sendo uma igreja
carnal, porque esta não é a forma de Deus para edificar a Igreja, a não
ser no estágio da tenra infância.
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